Cinema de rua de SP: conheça os que mantém o charme e resistem às mudanças!
Pensando em ir ao cinema? Veja as dicas que preparamos para você curtir um bom filme pelas ruas e avenidas de São Paulo!
Pode-se dizer que São Paulo – ou melhor, os paulistanos – são cinéfilos apaixonados. A relação com a sétima arte é tão antiga e íntima que, de certa forma, começa antes mesmo do invento dos irmãos Lumière ser criado, em 1895, na França.
Em fins de século XIX, os cidadãos da pacata capital da então província tinham como diversão para acompanhar os piqueniques e quermesses a lanterna mágica.
A lanterna mágica consistia em um equipamento pequeno, semelhante ao projetor, que exibia placas de vidro em um lençol.
Mesmo sem nenhum movimento, ela plantou a semente para que os paulistanos ficassem encantados com a magia gerada pelas imagens projetadas, décadas depois, já em movimento.
No decorrer do século XX, esse caso de amor paulistano foi de altos e baixos, com muitas páginas gloriosas e outras totalmente esquecíveis.
E isso não acontecia apenas no centro. Quase todos os bairros contavam com salas de cinema, espalhando-se à medida que a mancha urbana se alargava para todas demais zonas da capital.
Os jornais davam destaques consideráveis aos filmes em cartaz e era preciso quase uma página inteira para se publicar as programações de cada sala de cinema, conhecida ou não.
Nas últimas décadas, mais especificamente a partir dos anos 1980, surgiram outras opções para se consumir filmes, que não fosse ir aos cinemas ou a televisão, veículo de massa presente em boa parte dos lares da cidade.
Se por um lado essa comodidade fez as pessoas preferirem curtir um filme sem sair de casa, por outro foi a razão (entre outras) dos cinemas de rua começarem a desaparecer.
Muitas foram as salas, outrora tradicionais e luxuosas, que ou fecharam as portas ou foram vendidas e mudaram de negócio.
Há casos de outras que apostaram em filmes alternativos ou com cenas de sexo explícito para ganhar fôlego e tentar sobreviver em um mercado já concorrido. Também não duraram muito.
Nos tempos que decorrem, em que as plataformas de streaming ganham cada vez mais terreno, poucos são as salas de rua que resistem, bravamente, a profunda revolução na forma de se consumir filmes.
Com públicos fiéis e temáticas específicas, esses espaços ainda resgatam, mesmo que infimamente, a sensação de ir a um cinema como nos áureos tempos em que brilhavam nas telas astros eternos de Hollywood e do cinema nacional.
Por isso, pegue a pipoca, acomode-se na poltrona e venha com a gente acompanhar cada cena desse filme (com cara de série da Netflix) e descobrir o que esses lugares têm de interessante.
De brinde, vamos dar uma passada rápida na história do cinema em São Paulo, desde os cinematógrafos, chegando nas revolucionárias salas de tecnologia sofisticada.
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Quando foi criada a primeira sala de cinema em São Paulo?
Foi em 16 de novembro de 1907 que nasceu o Bijou Theatre, instalada em um barracão de zinco, entre a Ladeira de São João e o Vale do Anhangabaú (atual Praça Antônio Prado). Surgiu, na mesma época, outra sala no Largo do Arouche.
Em menos de cinco anos, já haviam em funcionamento 14 cinemas – ou cinematógrafos – em pontos da região central.
Até a metade dos anos 1920, os filmes eram mudos. Orquestras ou pianistas eram contratados para embalar as sessões. Independente disso, o número de pessoas que iam assistir as fitas crescia sem parar.
Relatos de um escritor estrangeiro, em suas impressões sobre São Paulo, dizia que as salas de cinema, já naqueles tempos, “regurgitavam de público”.
Quando foi lançado o primeiro filme falado?
Em 1927, foi lançado nos EUA o primeiro filme falado da história, “O Cantor de Jazz” (“The Jazz Singer”). Isso obrigou as salas no mundo inteiro a passar por melhorias, com vistas a receber esse então novo avanço tecnológico.
Qual o primeiro cinema de São Paulo a exibir filmes falados?
A primazia, em São Paulo, coube ao Cine Paramount (atual Teatro Renault), na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, cuja a primeira exibição deu-se, em 1929, com o filme “O Patriota” (“The Patriot”).
O cinema se popularizava e quase cada bairro tinha uma sala de cinema para chamar de sua. Há casos em que algumas delas comportavam um número absurdo de espectadores. No Cine Piratininga, no Brás, cabiam mais de 4.300 pessoas.
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O que foi a tragédia do Cine Oberdã?
Localizado perto do Largo da Concórdia, também no Brás, o Cine Oberdã era um dos mais importantes cinemas de bairro de São Paulo.
No dia 10 de abril de 1938, estava sendo exibido o filme “Criminosos do Ar”. Por ser um domingo, era grande o número de crianças.
Até que alguém, no meio do filme, se assustou com algo e gritou “fogo! ”. Foi a deixa para armar uma confusão que custaria caro.
Como a escadaria de saída era bem estreita, 30 das 31 vítimas, todas pisoteadas, tinha entre 8 e 16 anos de idade.
A partir de que momento da história os cinemas se popularizam em SP?
Nos anos 1940, a região que compreende a Praça da República e as Avenidas Ipiranga e São João viu surgir verdadeiros monumentos em forma de salas de cinema.
Por concentrar prédios faustosos – alguns rotulados como “cinemas palácios” – esse pedaço do centro recebeu o nome de “Cinelândia paulistana”, inspirada na homônima carioca.
Era o começo de anos gloriosos, que se prolongaria nas décadas seguintes. O primeiro grande cinema daquela área foi o Broadway, em 1934, na Avenida São João.
Quais eram os cinemas de destaque na “Cinelândia”?
Na São João havia o Metro, onde os frequentadores iam de roupa social, que pertencia a Metro Goldwyn Mayer (MGM). Fechou em 1997 e hoje é sede da Igreja Internacional da Graça de Deus, do pastor R.R. Soares.
Ainda na São João, o Comodoro foi pioneiro por exibir filmes no formato Cinerama, modalidade em que três telas juntas “abraçavam” o público.
Do outro lado do Comodoro, o Cinespacial, tinha sala redonda onde o filme era projetado em três telas e podia ser visto de qualquer ponto.
Surgido como Art Ufa, em 1936, o Art Palácio – outro da Avenida São João – mudou de nome em 1940, pois pertencia a uma produtora de filmes da Alemanha nazista, que batizou o espaço.
Já na Avenida Ipiranga, quase na esquina com a São João, estava o Ipiranga. Um dos mais luxuosos, com sala de amplas poltronas reclináveis.
A quantidade de cinemas na cidade era tão absurda que, em 1946, houve uma passeata no centro de artistas de circo e teatro, entre eles a atriz Dercy Gonçalves, reclamando da “carência” desses palcos na cidade.
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Existem dados que mostram a dimensão da “Cinelândia Paulistana”?
Sobre o público, em meados dos anos 1950, passavam, em média, mais de 50 mil pessoas por semana nos cinemas da Ipiranga e São João.
Só o Cine Marabá, em 1959, teve um público de mais de 1,7 milhões de pessoas.
Consultando jornais da época do IV Centenário, celebrado em 1954, o número de cinemas em toda a capital chegava a 111, com 154 salas. Somados, eles tinham 228.973 lugares, contra 58.257, em 2009.
O que motivou a decadência desses cinemas?
Para começo de conversa, a televisão foi a que deu o pontapé inicial. A TV Tupi, emissora pioneira do país, surgiu em 1950. Ela seria seguida pela TV Paulista (1952) e TV Record (1953).
Mas a televisão era artigo caro e de luxo nos anos 1950. Ela começaria a se popularizar ao longo dos anos 1960, principalmente com a criação de mais duas emissoras paulistanas: a Excelsior (1960) e a Bandeirantes (1967).
Como forma de preencher a grade, esses canais apostavam em filmes, sobretudo faroestes. Isso começava a ter impacto direto no público dos cinemas.
Na década de 1970 a crise se aprofundou e muitos cinemas tiveram que fechar. Eram tempos da TV via satélite e em cores, centro das atenções de várias salas de estar, de todas as classes.
Porém, a situação piorou, de verdade, nos anos 1980. O videocassete começava a ser comercializado e com ela apareciam as primeiras vídeo-locadoras e vídeo clubes. São Paulo, em 1985, chegou a ter só 80 salas.
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Outro fator determinante foram os shopping centers, que preferiam montar as salas de cinema dentro dos prédios, em ambientes confortáveis para fazer o espectador andar pelos corredores do local, depois das sessões.
Em tentativa desesperada, muitos cinemas de rua teimavam em competir com esses locais. Os que sucumbiam, geralmente viravam bingos, estacionamentos ou igrejas evangélicas. Outros começaram a viver da exibição de filmes pornográficos e de artes marciais.
A situação não melhorou ao longo dos anos 1990 e 2000. Porém, em 1996, a PlayArte, conhecida cadeia de cinemas, comprou o Cine Marabá, na Avenida Ipiranga e entregou totalmente reformado em 2009. Foi a primeira tentativa de resgate dos cinemas de rua.
Nessa época, quem quisesse assistir a filmes mais alternativos, fora do circuito comercial, deveriam procurar as poucas salas que restaram, na região dos Jardins e da Avenida Paulista.